★★★★★ - Obra vencedora do Prêmio Clube de Autores de Literatura Contemporânea (2014).
Você está pronto para partir rumo aos tempos das grandes migrações? Ir do coração do nordeste brasileiro para a Europa em uma clicar de dedos? Ou seria vice-versa? Embarque nas linhas de Ventos para Areia Branca e deixe o vento te levar por uma cativante saga, guiada pela matriarca Chica e o seu neto Zé Maurício.
Há um oceano que separa o presente e o passado da velha Chica. Muito embora tenha vivido exatas nove décadas, a senhora de olhos azuis ainda se recorda, mesmo que vagamente, do semblante plácido da sua misteriosa mãe. Em dias que já se foram, no calor escaldante do sertão da Bahia, ninguém nunca soube muito bem de onde veio aquela jovem mãe de expressão abatida. Só desconfiavam que a estrangeira teria migrado de longe - lá da Itália, Alemanha ou França - mas, ninguém nunca chegou a entender bem o que ela dizia para saber ao certo. O passado sempre foi uma incógnita para Chica e foram tantas as noites perdidas refletindo sobre as suas desilusões, perdas, lutas e conquistas. O amor pela leitura a ajudava a atenuar a crueldade impelida pela insônia.
Já Zé Maurício, o neto, carinhosamente chamado de Neno por sua avó, vive uma incessante busca por dias melhores. Contudo, sua jornada toma um rumo inesperado ao ser atraído de volta ao complexo passado de sua família, desvendando vínculos e histórias que moldarão o seu destino de forma contumaz. Após longos anos de separação, os caminhos de Zé se entrelaçam novamente ao de sua amada avó, num momento de extrema vulnerabilidade para ambos. Ironicamente, a presença de Neno leva Chica a revisitar um passado distante, quando foi adotada por abastados fazendeiros após a trágica morte da sua mãe.
Ventos para Areia Branca trata de laços de família atados ainda nos árduos tempos das grandes migrações europeias do fim do Século XIX. Através de versões narradas por avó e neto, duas gerações se encontram e tentam desvendar os mistérios das suas origens - europeias e indígenas - tão sofridas e comuns à grande maioria da população brasileira. Ao fim desta leitura, ficará claro que o oceano que nos separa não é tão extenso assim.
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